O dilema de fazer greve no jornalismo: "Se o fizer, não há notícias"

Para lá dos serviços essenciais ou dos serviços mínimos, a greve geral convoca muitos profissionais a ponderar o seu papel num dia de paralisação. Como é que um jornalista se confronta com esse dilema? Faz a sua greve ou a dos outros?
Pedro Marcos Editor de imagem
Manuel Portugal
Manuel Portugal Jornalista
João Miguel Silva
João Miguel Silva Repórter de imagem
11 dez. 2025, 06:00

A propósito da Greve Geral, João Bizarro e Miguel Ângelo Marques, dirigentes da ProPress – Associação Portuguesa de Jornalistas – conversaram com o Conta Lá e reflectiram sobre uma das escolhas mais difíceis que um jornalista pode encontrar na sua profissão: fazer greve ou ir trabalhar para dar notícias da greve?

“Um jornalista tem hoje todos os motivos para fazer greve mas, se o fizer, não há noticias. E se não houver notícias, a greve não aconteceu.” Responda João Bizarro, jornalista da TVI e presidente da ProPress. 

Miguel Ângelo Marques, Jornalista da SIC e presidente da Assembleia Geral desta Associação, acrescenta: “Independente da minha vontade pessoal, a minha escolha foi quase sempre não fazer greve para fazer a greve dos outros”.

A Associação ProPress foi recentemente criada em Coimbra e pretende chegar a todo o território nacional, juntando os jornalistas portugueses numa reflexão colectiva sobre o difícil momento histórico que a profissão atravessa.

“Não é apenas um momento difícil, é uma tempestade. E falta saber o que ficará depois da tempestade”, desabafa João Bizarro.